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Informação e música em harmonia
Destaque Release Showlivre: entrevista com cantora e compositora Rubia Divino

Falamos Rubia sobre sua carreira, o cenário sócio cultural do país e muito mais
A cantora e compositora Rubia Divino se apresentou no Release Showlivre com um trabalho que demonstra o talento nato que a carioca de pé vermelho carrega nas veias há mais de 30 anos – destes, 10 de trabalho profissional no ramo musical. Rubia se destaca pela linguagem diversa e, ao mesmo tempo, única, responsável pelo tom em suas imersões artísticas. Ela traz o chamado “ancestral”, de forma lúdica e densa para as realidades do tempo presente.
O Showlivre.com conversou com a cantora e compositora que falou um pouco mais sobre o seu trabalho, o cenário sócio-cultural atual e muito mais. Confira:
Rubia, como você vê o cenário da nova MPB e como você acredita que sua música se encaixa nesse novo momento da música popular brasileira?
Rubia: Eu acredito que a MPB sempre esteve ligada ao cenário político e cultural em que está inserida, e hoje não é diferente. A Bia Ferreira, a Doralyce e a Luedji Luna fazem parte dessa geração, que além de falar de política falam do amor. Acho que diferente da primeira geração de MPB, que surgiu como oposição ao regime ditatorial instaurado naquele momento, hoje os artistas trazem temas mais próximos das nossas emoções e nossos sentimentos. A nova MPB traz a discussão da militância e da luta, mas que também expõem nossos sentimentos e nossas emoções. Não tem como desconsiderar o impacto das redes sociais no cenário musical atual. Hoje nossa mensagem chega a milhares de pessoas que ultrapassa as pessoas atingidas nos shows ao vivo. Minha música e minha identidade, assim com as artistas que citei, trazem a mensagem do que nos aflige como seres sociais e políticos, mas também falam da sensibilidade nos move de formas múltiplas.
Para você, quais são os principais desafios em ser um artista independente no Brasil em 2019?
As primeiras questões que precisam ser pontuadas são o machismo e o racismo que ainda são tão presentes no nosso cotidiano. Você nem sempre está presente nos espaços que deseja pelo simples fato de ser uma mulher e, além de tudo, uma mulher negra. Recentemente passei por uma situação em que um contratante me propôs um cachê
inferior ao de outros artistas que tocam no local. Inclusive alguns desses artistas tocariam comigo naquela data e me informaram desse valor discrepante. O contratante me disse que nunca pagou o valor superior, que eu estava inventando, enfim, encerramos a conversa por aí e não toquei mais no estabelecimento. Ainda hoje não podemos frequentar espaços que deveriam ser tão nossos quanto de qualquer outra pessoa.
Outro ponto é o envolvimento com as redes sociais. As informações circulam muito rapidamente e nós precisamos estar alimentando as redes o tempo todo para alcançar o público, se você não se atualiza acaba saindo em desvantagem. O terceiro ponto é que o músico independente, muitas vezes, trabalha sozinho e precisa ser multitarefas: precisa vender o show, produzir, desenvolver o conceito, montar o repertório, contratar a banda e o equipamento de som. O desafio é dar conta disso tudo e fazer um show bem feito. Trabalhar com música autoral nem sempre é reconhecido, inclusive financeiramente. Não são todos os espaços que dão abertura, apesar de ter muitos músicos batalhando por esses espaços e construindo um trabalho autêntico.
Todo compositor busca passar mensagens através de suas obras. Quais as mensagens que a Rubia Divino quer passar aos seus ouvintes?
Eu falo sobre pertencimento, sobre situações que nos afligem e como lidamos com elas, sobre espiritualidade, sobre trocas e parcerias de vida, sobre solitude. Acho que “Amenidades”, “Curumim” e “Confetes e Serpentinas” (que foram gravadas no Showlivre) discorrem bem sobre esses temas e resumem bem as minhas mensagens. Vejo que às vezes estamos tão imersos nas nossas batalhas, nos mantendo firmes na linha de frente que acabamos com o amor endurecido. Por isso considero que, como tantos outros pares, o amor é um dos atos mais revolucionários existentes. Sabemos que é preciso ter força para enfrentar os dias, mas também não podemos esquecer o sentir e por isso precisamos falar sobre ele.
Quais são as principais referências musicais para suas composições?
Nossas referências são o nosso norte. No meu trabalho se encontra um pouco de cada passagem e vivência musical em que os olhos e a voz se tornaram algo novo, algo autêntico. Tenho um pouco do dub, do afrobeat, do samba reggae, do maracatu e do jazz como uma construção muito afetiva e familiar. As referências negras e diaspóricas formam um mosaico rico para produção albúm ao vivo que gravei no Showlivre. Quem ouve o meu trabalho reconhece Nina Simone, Virgínia Rodrigues, Anelis Assumpção, Xênia França e a interpretação da Elis Regina como minhas bases.
Rubia, antes de gravar o ao vivo no Showlivre você tinha apenas um single lançado. O que levou a opção de gravar esse álbum ao vivo?
Tínhamos lançado o single “Amenidades” em um momento político muito importante no nosso país. Quando recebi o convite de gravar o Showlivre ao vivo fiquei muito contente porque sei que o Showlivre.com já tem um público consolidado, já gravaram com grandes nomes da música nacional, que são uma plataforma já consolidada nos meios digitais e que eu teria um bom retorno de visibilidade do material produzido. A visibilidade e o alcance que a plataforma do Showlivre proporciona são maiores e muito mais próximos público se comparado a uma tiragem física e local, uma vez que foca nos serviços de Streaming.
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